quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Caxias, do Duque ao Coronel

Caxias,
Cidade do Duque
Ou seria do Coronel?
Um que renderá-lhe este nome
O outro que a governou.

Antigamente o primeiro
Via as belezas naturais, os rios
E o segundo agora
Vê os mares de lixo
Espalhados em cada esquina
Em cada rua, em cada poste.

Vê? Mas como? Ele sumiu
Fugiu...
Fugiu do mar de lixo e do
Turbilhão de problemas
Que ele próprio cultivou.

E deixou pra trás a população
Perdida...
A mercê dos inimigos da saúde
Do bem-estar e da alegria.

Uma cidade partida
Entre a glória e a degradação
Vislumbra-se o luto
No olhar de cada cidadão.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Só depois de morto, aprendeu a viver

[Ao fim do mundo.]

Todos estavam lá. Na verdade, uns estavam sem estar. Outros, não só estavam mas fizeram de si o próprio momento. Entre o "Argh! Por que não acaba logo?" havia o "Como será a minha vida a partir de agora?" Eram muitas as diferenças tanto de pensamento, quanto de coração. Eram também muitas as indiferenças. Enquanto um chorava com tudo que sua alma podia, outro mandava mensagens pelo celular como se estivesse sentado no sofá de sua casa, como se nada tivesse acontecido. Por quê? Tanta indiferença, tanto desgosto. Tanto aperto, tanta lágrima. Tanto sorriso escondido, tanta falta de sentimento não sentido. Tanto sentimento não sentido. Tanto, tanto, tanto.
O morto não ria nem chorava, refletia. Agora, sabia ler pensamentos, atravessar paredes e corpos. Via quem eram realmente aquelas pessoas que julgava conhecer, observava cada um sem que este fosse observado. Cuidava de cada detalhe, de cada expressão calada, de cada grito surdo, de cada movimento não movido. Olhava tudo aquilo e ficava dividido: ser ou estar? Ser ou não estar? Estar ou não ser? Ou, ou, ou. Ou nada disso, pois ele era, em si, o tudo. Era o ser que não estava, o não estar que era, o estar que não era, o ser que era, o ser que seria, o que ser que se foi. Era uma era em que o era uma vez se foi. Nada chapeuzinho amarelos, vermelhos, azuis - deram para inventar mais cores. Nada de lobos. Nada de vovós. Nada de madrastas. Nada de princesas. Nada. O que, então? A transição, a travessia, o olhar para os lados enquanto se caminha numa estrada que nem mesmo sabemos o que é que se passa nela - nem o que passará. A travessia. O passo, é o que é. O caminhar ainda. Pra onde? Não sei. Quem sabe?
Morreu perto do fim do ano, e pensava "Mais um ano seria..." Mais um ano, apenas mais um... Será? Pensou na tristeza que sentia por não poder completar mais um ano de vida mas... O que mudaria? Seria diferente dos outros? A criatura, na verdade, entristecia não pelo ano que viria mas por todos que se foram. E simplesmente se foram. Foram qualquer coisa, menos vividos. Foram qualquer coisa, qualquer objeto que se compre, que se use, que se jogue fora. Foi a sua vida que nunca foi, a sua vida que sempre esperou que chegaria, que chegaria, que chegaria, mas nunca chegou. Pensou que era ela quem deveria encontrá-lo, e não ele. Esperou. Morreu sem se encontrarem nem mesmo entre uma multidão. Um dia, pensou ter visto o seu rosto de longe enquanto pegava o caminho de casa mas, não, era só sonho e acordou. E pior: acordava sem mudar nada porque nem mesmo lembrar dos seus sonhos ele lembrava. Perdeu tudo. Perdeu os sonhos. Perdeu o amor. Perdeu o sorriso. Perdeu o ser. Perdeu tudo antes mesmo de se perder, já estava perdido, mas não completamente. Agora, sim, estava completamente, pois o que mais um morto poderia fazer pela sua vida? Somente aquilo que fez durante toda a sua não-vida: nada. Assistiu sem enterro sem derramar uma lágrima, mas chorava, chorava, chorava. Chorava pelo o que não foi, chorava pelas lágrimas que deixou de chorar, pelos sorrisos que deixou de sorrir, pelos braços que deixou de abraçar. Chorava pelas palavras guardadas - agora, eternamente -, chorava pelo seu rosto que tanto ficou sem expressão. Chorava, chorava, chorava. 
Só depois de morto, aprendeu. Aprendeu a fazer o que deveria ter feito - sentir -, aprendeu a pensar como deveria ter pensado desde sempre, aprendeu a lembrar e não somente esquecer dos dias mortos a cada café-da-manhã, aprendeu a ver vida nos seus dias de morto mas somente enquanto não mais vivia. Só depois de morto, aprendeu a viver.

[E você?]

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

As pessoas mudam ou se revelam?

Lembro-me da primeira vez que me foi feita essa pergunta: à espera do início de um casamento ou de um  aniversário, quando estávamos uma amiga minha e eu conversando, e ao mesmo tempo ela estava mexendo no celular dela, que estava conectado no twitter. Eu estava falando algo e de repente ela me mostra o retweet de alguma conhecida dela e me pergunta o que eu acho daquilo. E o retweet era essa perguntinha que não saiu da minha mente: As pessoas mudam ou se revelam?
Nesse dia, a minha amiga (agora nem tão amiga assim) deu-me sua resposta pronta, tentando me convencer que o que ela disse era a real resposta para a pergunta. Porém, ela não conseguiu me persuadir. Então, como a resposta não tinha sido respondida, não saia da minha cabeça. E eu sabia que não sairia até ser respondida. Só que a resposta era muito difícil. Pelo menos, era o que eu pensava.
Sempre que vinha o assunto "mudança" em alguma conversa eu sempre fazia essa mesma pergunta para a pessoa que eu estava conversando, ou quando ouvia alguém falar "Ah, ela mudou..." ou algo parecido, perguntava alguém próximo a mim a bendita pergunta. 
Cada pessoa tinha uma visão diferente. Eu as ouvia atentamente com o objetivo de ter encontrado a "difícil" resposta. Só que eu não encontrava, ou quando eu achava que a tinha encontrado, alguém vinha e quebrava minha teoria; quando eu havia decidido que as pessoas se revelam, que elas apenas tiram as máscaras, em determinado momento, e mostram sua podridão, vinha alguém e me perguntava algo do tipo: "Ué, então se uma criança é boa e depois ela se  torna um bandido, por exemplo, quer dizer que ela já nasceu má?" E eu tinha que mudar de opinião, porque eu realmente não acreditava naquilo. As respostas dos outros tornava tudo mais claro e escuro, ao mesmo tempo.
Até que um dia eu decidi procurar a resposta, mas não com obrigação de encontrá-la, porque percebo agora que eu possuía uma necessidade de encontrá-la também pela existência de uma certa rivalidade, mesmo que mínima e inconsciente, entre minha amiga eu. Ela tinha a resposta dela e eu tinha que ter a minha.      
E num dia qualquer eu encontrei a resposta. A difícil resposta que eu não conseguia achar. Eu fiquei surpresa, tanto por encontrar a resposta quanto por perceber que ela era totalmente simples. Mas eu não deveria estar surpresa: muitas vezes ganhamos algo quando não estamos esperando, e normalmente encontramos algo quando não estamos procurando. Além de que a gente complica tudo. Todo mundo faz tempestade em copo d'água, só que cada um a seu jeito.      
E a resposta tão difícil de ser encontrada, é a própria pergunta com apenas a mudança da conjunção. As pessoas mudam e se revelam. "Ponto. Simples assim", como diria certa pessoa. São casos e casos. E o engraçado (ou não) é que eu sabia a resposta, só não me conformava com ela pelo fato de acreditar que só poderia existir um "conceito". Deveria ser um ou outro. A própria pergunta nos dá a entender isso, que devemos escolher uma das indicadas a ser resposta. Mas não é assim, nem na pergunta nem na vida. Eu posso fazer uma coisa e outra. Eu posso ser uma coisa e outra. O problema é que a gente quer criar conceito e respostas universais para tudo do tipo "é-isso-pronto-acabou" e com isso acabamos nos matando a procura de "respostas absolutas". Só que nem tudo possui uma resposta absoluta, porque os pensamentos mudam.      
Ou se revelam?

domingo, 25 de novembro de 2012

Royalties




Quando nos mudamos do regime monárquico para o regime republicano, inspirado nos Estados Unidos, empregamos o sistema federativo, que consiste em um  governo próprio de cada região do país, os chamados estados. Mas não pense que foi fácil adotarmos este sistema "tão revolucionário", pois, afinal de contas, o regime monárquico garantia um poder concentrado nas mãos do governante da nação, poder o qual trazia grandes benefícios para este e para seus aliados, porém se temos mais este progresso, a república federativa, devemos agradecer aos republicanos brasileiros daquela época, eram eles que reivindicavam a adoção deste grande passo para o Brasil.
Royalties: este polêmico assunto tem preocupado bastante os vinte e seis estados e o distrito federal que constituem nossa nação. A distribuição dos royalties é uma briga desproporcional entre os estados brasileiros de modo geral, pois vinte e quatro estados estão a favor de uma divisão igualitária dos royalties de petróleo e apenas dois estão contra, Rio de Janeiro e Espírito Santo. É importante entendermos a posição de ambos os lados. Vejamos os lados da história.
Os vinte e quatro estados, não produtores de petróleo, que estão a favor desta divisão, argumentam que o petróleo é nacional, mesmo estando concentrado em poucas regiões, contudo deve-se lembrar que de acordo com nosso regime político somos republicanos federativos (anteriormente já citado), regime que concede autonomia aos estados, portanto se um estado "produz" petróleo, de acordo com o nosso regime este petróleo pertence ao estado produtor, pois ele tem sua autonomia, como todos os outros estados também têm.
A emenda aprovada apresenta falhas jurídicas, pois de acordo com a mesma há quebra de contrato, caso esta for sancionada. A quebra de contrato advém do fato dos poços que já foram licitados, veja neste trecho tirado do site estadao.com.br: "Campos já licitados, já leiloados, não podem ter as regras mudadas, porque isso fere os princípios jurídicos, muda cláusulas de situações já consagradas", disse o senador Francisco Dornelles.
Além de todos esses fatores devemos ficar alerta, pois toda essa polêmica também corre o mundo e prejudica a imagem do país para os investidores do exterior, pois mostra que os órgãos responsáveis pelo setor de petróleo e energia não têm capacidade alguma de exerce sua função, ou seja, organizar toda essa "reviravolta" que tem acontecido no Brasil, tentando apaziguar a situação. Toda essa situação malvista pelo exterior gera consequências graves, pois se não há investimento, não há crescimento da economia.
Por isso, caro leitor, declaro-me completamente contra a divisão dos royalties. 
E você está com os produtores de petróleo ou com os não produtores de petróleo?
A distribuição é justa?